Esta podia ser mais uma história do oculto, mas não é.
Recuemos a 1956. O que tem em comum
um professor morto, e um jovem de 15 anos? Nada, certo? Mas fossem as coisas
assim tão simples.
Chico chegara a casa, depois de mais
uma semana internado numa ‘Tutoria da Infância’. Começou a apresentar
regularmente uns comportamentos bizarros, diziam. O corpo contraia e
libertava-se em espasmos repetidos, os olhos reviravam, e uma espuma branca
saia-lhe pela boca. “Só pode ser bruxaria”, dizia a dona Maria, sua mãe.
Lá num prédio, da também conhecida
por «Rua da Esperança», já quase a chegar a Miragaia, entrara pela porta
do quarto o senhor padre, que determinara a sentença do jovem Chico. Tinha a “morada
aberta” e uns 5 espíritos aprisionados. Inequivocamente! Qual a solução?
Exorcismo. Mas o Chico não melhorara. E só ele sabe os horrores que passara. O
senhor padre, continuara a afirmar que era o espírito mais forte de um
professor, que morrera há pouco tempo no mesmo prédio. E esta narrativa
perpetuou-se por anos.
Até que já casado, e ainda a ter
convulsões, a mulher acreditara também na estória de serem almas
perdidas, no corpo frágil do marido. Desabafando com as patroas, estas mais
cultas e informadas, aconselharam-na a levá-lo ao médico.
Epilepsia…!
Todos os anos de sofrimento resolvidos num minuto. Porque era, impensável falar da violência exercida na ‘Casa de Correção’. As pancadas na cabeça, entre outros maus-tratos…só me resta dizer: “O sortilégio da ignorância!”
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